Na Mídia - Jornal da Tarde


Fonoaudiologia entra na batalha contra as rugas

Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003



Aprender o jeito certo de comer, engolir, falar e se expressar pode diminuir - e até evitar - as marcas de expressão

DeborahBresser
Jornal da Tarde

Você é do tipo que fala com o rosto, faz bico, arregala os olhos e franze a testa? Pois saiba que cada mímica facial dessas, que todo mundo realiza uma vez ou outra, transforma as pessoas em candidatas a ganhar teimosas ruguinhas e marcas de expressão. Agora, esses implacáveis sinais da passagem do tempo gravados no rosto começam a ser atenuados - ou evitados - com a ajuda da fonoaudiologia.

Especialista em motricidade orofacial - área que cuida da deglutição, mastigação, articulação e respiração - , a fonoaudióloga Magda Zorzella Franco vem desenvolvendo, há cinco anos, trabalho em parceria com a dermatologista Luciane Scattone, com resultados estéticos comprovados. "Muitas rugas são conseqüência dos movimentos feitos para mastigar, respirar, engolir e até falar, além de contrações exageradas da boca", explica Magda.

A idéia é alongar e relaxar a musculatura facial, além de ensinar as pacientes a reequilibrar as funções. Normalmente, as pessoas nem sabem que estão comendo errado, falando torto ou se expressando com exagero que pode custar alguns aninhos a mais no rosto. Claro que nem só de caretas vivem as rugas. Há o sol, o estresse, o cigarro, a genética, a idade e a falta de vitaminas que contribuem para vincar a face. Mas o fumante, por exemplo, envelhece não só por causa da nicotina. O biquinho para segurar o cigarro, a tração feita para tragar, e até o "charminho" de pitar com o canto da boca transformam a região dos lábios de um fumante em montanhas de sulcos profundos.

Preste atenção sem franzir a testa

Fazer caras e bocas é outro atalho para um rostinho cheio de marcas. "Depois dos 25 anos a gente não dá mais risada, só acha graça", brinca Magda. Faz parte da fisionomia do riso levar o olho junto com a gargalhada, mas o melhor é dosar as expressões. É como a cara de concentração. Até a faculdade, ainda dá para franzir testa, apertar os olhos, tudo para prestar mais atenção no professor. Mas no mestrado, esqueça. Aprenda a abrir bem os ouvidos e só.

A técnica preconiza que é preciso alongar os músculos para descontrair, o que é feito com massagens e movimentos específicos. Não há cremes ou fórmulas mágicas. Há, sim, uma vontade muito grande das pacientes, que aprendem a fazer em seus rostos os movimentos - sejam as massagens ou os novos hábitos de motricidade.

Para se submeter ao tratamento, inicialmente é realizada uma avaliação fonoaudiológica miofuncional, que irá verificar como está a articulação, a respiração, a deglutição e a mastigação da paciente. Depois vem a orientação, fase na qual a profissional reeduca a paciente a não concentrar tudo o que ela quer dizer nos músculos da face. "É preciso aprender a usar as mãos, o corpo, reequilibar as funções. A idéia não é tirar a mímica do rosto, e sim suavizar as expressões", diz.

A terapia consiste em dez encontros (oito seguidos e dois retornos), nos quais são feitas fichas de orientação - que serão levadas pela paciente para que ela pratique em casa as técnicas aprendidas.

É exatamente o que tem feito a empresária Gislene Mancini, que está quase no fim de seu tratamento. "Quando acordava, me olhava no espelho, via rugas, vincos e resolvi procurar um cirurgião plástico", lembra Gislene. Foi o médico que sugeriu a Fonoaudiologia. Como ela se sente? "Estou com a aparência mais jovem, meus vincos, principalmente ao redor da boca, melhoraram muito", constata.

Gislene também adotou mudanças para engolir, mastigar, aprendeu a não fazer caretas, e todos os dias de manhã alonga - com os dedos - os músculos da face. "Não vou parar mais", diz Gislene. "Se você começa a mexer no rosto todos os dias, a pele fica aveludada, a musculatura responde ao ser trabalhada", explica Magda.

Para quem achou tudo muito complicado e prefere só uma picada de Botox para ficar com o rosto lisinho vale um alerta: a toxina botulínica que paralisa os músculos pode até funcionar bem para o terço superior da face (como na testa/olhos), mas não dá para travar a região inferior. Para comer, falar, engolir, articular é preciso ter a boquinha livre, leve e solta.
SERVIÇO: Consultório de Magda Zorzella Franco: Tel. 3887-0117.

DEBORAH BRESSER Jornal da Tarde

 

 

CARAS E BOCAS



 

 Uma técnica que nasceu na prática

 
A existência de um estreito relacionamento entre as marcas de expressão e o uso que se faz ao longo do tempo da musculatura orofacial virou objeto de estudo e pesquisa para a fonoaudióloga Magda Zorzella Franco depois de um caso clínico, resultante de uma parceria entre as áreas da Fonoaudiologia e da Dermatologia.

Ela recebeu no consultório uma paciente encaminhada pela dermatologista Luciane Scattone, que apresentava vincos bem marcados na região dos lábios - problema que havia ficado ainda mais evidente após aplicação de ácidos para preenchimento. "O modo de falar da paciente e a contração muscular exagerada, que a paciente fazia para se expressar verbalmente, foram os motivos que levaram a dermatologista a solicitar ajuda da fonoaudióloga", lembra Magda.

Foi feito um planejamento terapêutico com objetivo de "relaxar" a musculatura da face, composto por massagens, alongamentos e movimentos específicos. Um exemplo é alongar o lábio superior para baixo e lábio inferior para cima, mantendo o alongamento por três tempos e relaxar.

Outro é a massagear de cima para baixo a região do lábio superior com uma certa pressão.

Foram passadas, então, orientações básicas e de conscientização, informando a paciente sobre o funcionamento adequado das estruturas orais e das funções (mastigação, deglutição e fonação) bem como de posturas a serem modificadas.

Em cinco sessões, a evolução do caso foi esteticamente perceptível, com redução das rugas. Um ano depois, os efeitos benéficos da técnica se mantiveram iguais.

 

SERVIÇO: Consultório de Magda Zorzella Franco: Tel. 3887-0117.

Debora Bresser - Jornal da Tarde